domingo, 28 de dezembro de 2008

As comemorações de ano-novo

A tão esperada e popular festa de final de ano, chamada também de Reveillon, é comemorada de várias formas pelo mundo, variando de acordo com a cultura e as tradições de povos e países. Apesar das diferenças a festa apresenta uma característica comum a todas, que é o espírito de renovação, e o momento de esperança, de promessas e sonhos que poderão se concretizar.
As variações da comemoração do ano-novo acontecem devido também à diversidade de calendários que existem no mundo. Para os islâmicos o ano-novo é celebrado em meados de maio, marcando um novo início. A contagem corresponde ao aniversário da Hégira (em árabe, emigração), cujo Ano Zero corresponde ao nosso ano de 622, pois nesta ocasião, o profeta Maomé, deixou a cidade de Meca estabelecendo-se em Medina. A comunidade judaica também tem um calendário próprio e sua festa de ano-novo ou Rosh Hashaná, - "A festa das trombetas" -, dura dois dias do mês Tishrê, que ocorre em meados de setembro ao início de outubro do calendário gregoriano (nosso calendário). Na China, a festa da passagem do ano começa em fins de janeiro ou princípio de fevereiro. Durante os festejos, os chineses realizam desfiles e shows pirotécnicos. No Japão, o ano-novo é comemorado do dia 1º de janeiro ao dia 3 de janeiro.
O nosso calendário é originário dos romanos com a contagem dos dias, meses e anos. Desde o começo do século XVI, o ano-novo era festejado em 25 de Março, data que marcava a chegada da primavera. As festas duravam uma semana e terminavam no dia 1º de Abril. O Papa Gregório XIII instituiu o 1º de Janeiro como o primeiro dia do ano, mas alguns franceses resistiram à mudança e quiseram manter a tradição. Só que as pessoas passaram a pregar peças e ridicularizar os conservadores, enviando presentes estranhos e convites para festas que não existiam. Assim, nasceu o Dia da Mentira, que é a falsa comemoração do Ano Novo.
Embora sendo comemorado em várias datas, os rituais realizados no Reveillon são os mesmos praticados em muitos países como a queima de fogos, utilizada no mundo inteiro, que recebe o ano-novo entre fogos de artifício, buzinadas, apitos e gritos de alegria. A tradição é muito antiga e, dizem, servir para espantar os maus espíritos. Em meio a essa agitação as pessoas reúnem-se para celebrar a festa com muitos abraços. Há também na cena da passagem de ano o vestuário, em que o fato de vestir uma peça de roupa que nunca tenha sido usada combina com o espírito de renovação do Ano Novo. O costume é universal e aparece em várias versões, como trocar os lençóis da cama e usar uma roupa de baixo nova. Já a cor da roupa é praticamente obrigatório o uso do branco, que simboliza a paz, a harmonia e a esperança que se deseja conquistar a partir desse dia.
Não importando a forma ou a data de sua comemoração, o Ano Novo representa o fim de um ciclo e o início de outro. Festejado de uma maneira sadia e sem excessos ele serve como uma inspiração para todos promoverem mudanças e planejarem melhor seus dias.
Marcelo Augusto da Silva - 02/01/09

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Uma sapatada contra a tirania


“A democracia fundada sobre a igualdade absoluta é a mais absoluta tirania”
Cesare Cantú

Desde que os EUA invadiram o Iraque em 2003 sob a justificativa mentirosa que a intervenção era necessária porque Saddam Hussein, o ditador que controlava o país, possuía armas de destruição em massa, o país e a sua população foram subjugados e colocados num nível de subserviência e total controle. Em outras palavras foi tirado um ditador e colocado outro em seu lugar, este travestido de bom moço, que camufladamente dá as cartas no país.
É bom lembrar que a presença estadunidense no Iraque acontece devido aos poços de petróleo iraquianos, importantíssimos para o país do Tio Sam, totalmente dependente dessa fonte de energia. Por conta disso os EUA passaram por cima da determinação da ONU, entraram no território estrangeiro e lá permanecem, impondo o seu modo de vida e barbarizando o país.
Hussein foi enforcado de acordo com a sentença de um tribunal especial no Iraque, acusado de crimes de guerra e genocídio contra os curdos, minoria étnica que habita o Iraque. Se um líder é condenado pela morte de várias pessoas, porque Bush não se enquadra então nessa mesma categoria e não é também julgado pelo Tribunal Penal Internacional, uma vez que só a invasão ao Iraque resultou até agora na morte de 90.000 civis iraquianos, além do fato dos soldados americanos promoverem uma carnificina contra a população cometendo assassinatos com os mais altos requintes de crueldade, torturas, estupros, violação e sodomização de adultos e crianças; sem contar nos órfãos e viúvas que padecem a cada dia, condenados assim como todos a minguarem numa situação de caos, miséria e insegurança.
A atitude do jornalista Al Zaidi no domingo dia 14 certamente entrou para a História - não aquela contada através de uma minoria como é o caso de certos figurões que sempre são lembrados e exaltados pelo quase nada que fizeram - mas sim pela maioria, não apenas de seus conterrâneos, mas por todo um conjunto de pessoas do mundo que penam com a dominação estadunidense. Domínio que penetra sorrateiro e disfarçado através das formas mais baixas e nojentas como a dependência econômica, a dominação cultural e a imposição de seu modo de vida fútil, insano, frustrado e frágil que se mostra agora refém de si próprio devido à crise que afeta o país.
Al Zaidi é o tipo de pessoa que honra a própria origem humana, que desafia as ordens impostas, que demonstra abertamente a sua posição e nela se fortalece; ergue sua própria bandeira e enfrenta destemidamente um grupo de pessoas que descende de uma espécie vil e rastejante acostumada a se julgar superior. Por menor que sua atitude possa parecer ela é digna de alguém com princípios morais que não se curva perante o autoritarismo e a exploração de um povo cujo líder não passa de um tirano arrogante, mesquinho e demente.
Pequena no gesto, mas grande no seu significado, a sapatada do jornalista contra Bush, que segundo a tradição local é a maior ofensa contra uma pessoa, mostra que nem todos se retraem diante dos estadunidenses. Ela acima de tudo simboliza o quanto insatisfeita e contrariada está boa parte da população mundial, e que com o tempo e de uma maneira decente e pacífica este estágio poderá se inverter. É a flor vencendo o canhão.
Marcelo Augusto da Silva - 26/12/08

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Neve no trópico

Mal havia acabado o mês de novembro e as ruas e lojas de muitas cidades já se cobriam de luzes e enfeites aguardando o dia do Natal. Nada melhor para o comércio do que essa data, já que há muito tempo o seu significado é quase puramente comercial. Esse é um fato que chama a atenção em meio à agitação do final de ano, isto é, pouco restou da tradição e do significado religioso do Natal.
Sendo dessa forma o Natal a festa do consumo, o modelo empregado a ele é sem dúvida dos estadunidenses, que fazem desse dia uma celebração às compras. Tratando-se de uma nação hegemônica (aquela que impõe sua cultura sobre as outras como forma de domínio) os Estados Unidos através de vários meios impõe a sua, e o Brasil com toda a subserviência esquece seus próprios modelos e adota com todo o orgulho o alheio.
Numa primavera que mais se parece com o verão que se inicia nas vésperas do Natal, as prefeituras esbanjam dinheiro tentando ao máximo deixar as ruas da cidade idênticas as do hemisfério norte. O calor do dia, o suor daqueles que transitam pelo asfalto quente, contrasta com a bota e a roupa de veludo do Papai Noel e de seus ajudantes duendes espalhados em cada esquina; o verde e a exuberância colorida das flores e árvores, característicos de nossa estação, são encobertos pela neve artificial.
Longe de tentar desmerecer o Natal, mesmo porque ele tem muitos aspectos positivos como a economia que se aquece no período, como os postos de trabalho que são abertos, como o reencontro e a reaproximação de pessoas, além do seu sentido inicial que é o religioso para aqueles que professam o cristianismo, por que não fazer do acontecimento uma festa que preserve tudo isso, mas que não fuja de nossas tradições e que respeite nossos costumes e nossa situação geográfica.
Pouco se lembra das festas tradicionais brasileiras, pouca importância tem o que é nosso. Infelizmente o brasileiro tem a cultura de absorver a cultura do outro, julgando-a “melhor” ou “superior” que a sua. Estranha-se e despreza-se o que é seu; sente-se vergonha de si mesmo. De tudo se faz para copiar o modelo norte-americano, nenhum esforça é poupado. Assim perdemos em dobro: com gastos e com a nossa cultura que cada dia vai sendo mais esquecida.
Marcelo Augusto da Silva - 12/12/08

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

As origens da comemoração do Natal

Novamente mais um ano vem se encerrando e junto com seu desfecho chega a festa natalina que nos causa aquela sensação de que a última foi há bem pouco tempo.
Muito das tradições do Natal vem se perdendo, e a cada ano ela se afirma mais como a festa do consumo, distanciando-se do seu sentido original - que é o religioso - influenciado principalmente pelo estrangeirismo que contaminou não só a religiosidade ocidental, mas impôs à nossa celebração natalina elementos que não nos pertence.
Mas a festa de Natal nem sempre foi comemorada no dia 25 de dezembro; na falta de qualquer documento que registrasse o dia do nascimento de Jesus Cristo os cristãos procuraram a princípio hipóteses fantásticas e contraditórias. Aliás, a data do nascimento de Cristo não teve importância para os primeiros cristãos que se preocupavam mais com a data de sua morte, bem como a de sua ressurreição, que na verdade é a sua vitória sobre a morte.
O cristianismo chegando ao Império Romano não foi aceito inicialmente e sim combatido pelos imperadores, principalmente durante os governos de Calígula, Cláudio e Nero (este muito conhecido por ter colocado fogo em Roma e acusar os cristão pela autoria do crime, justificando e intensificando assim a perseguição ao grupo). O motivo da hostilidade contra o cristianismo fica por conta de seus princípios igualitários irem na contramão da política e da organização romana que priorizava a hierarquia e a divisão de classes; além de que o monoteísmo colocava em questão o caráter divino do imperador, o que abalava ainda mais o império que já demonstrava sinais de fraqueza.
Com o tempo Roma percebeu que não era possível eliminar o cristianismo, e apesar das perseguições e da morte aos cristãos – comumente sendo executados nas arenas por animais selvagens – em 313 o imperador Constantino publica o Edito de Milão que concede liberdade de crença e culto aos cristãos. Em 391 o imperador Teodósio torna o cristianismo religião oficial romana.
A data do dia 25 de dezembro foi escolhida para ser comemorada como nascimento de Jesus por já ser uma data festiva em Roma, a qual se comemorava a festa do Sol, uma festa pagã. É justamente no século IV, ano da liberdade e da oficialização do cristianismo, que a celebração nessa data em vigor.
Na ocasião da institucionalização do cristianismo boa parte da população romana já se convertera a ele, no entanto a escolha de tal data talvez possa ter ocorrido como forma de manter uma tradição romana ou então como sendo uma maneira de agregar ainda mais fiéis em torno da religião, uma vez que a intenção dela é obter um maior número de adeptos possíveis em torno de sua crença. Há também uma idéia de que a escolha do 25 de dezembro seja uma espécie de “sincretismo” ou uma “associação de valores espirituais e religiosos”, já que são encontradas citações de que o menino Jesus foi uma “luz para iluminar os gentios” relacionando a presença de Cristo na Terra ao sentido da funcionalidade do astro que é o responsável pela emanação de luz e calor, elementos que possibilitam a vida na Terra.
O mais importante de tudo é que a festa representa um momento de harmonia e reflexão; serve para todos nós nos avaliarmos como seres humanos, assumirmos nossas falhas e pensarmos numa forma de viver numa sociedade mais justa, sem diferenças e discriminações.
Marcelo Augusto da Silva - 05/12/08