quinta-feira, 22 de julho de 2010

Qualidade musical na Serra do Mar



Parece que o inverno combina com o bom gosto musical; talvez o Festival de Inverno de Campos do Jordão nos dê essa sensação, mas em muitos lugares essa época do ano não é só marcada pelas alienantes festas de peão. Um caso desse tipo é a Vila de Paranapiacaba, antigo centro de controle operacional e residência de operários da extinta companhia inglesa de trens São Paulo Railway, inaugurada no final do século XIX, atualmente um distrito de Santo André que há dez anos realiza em parceria com o SESC o já famoso e tradicional Festival de Inverno de Paranapiacaba.

Colocado em prática por gestões do PT e mantido pela atual administração, o Festival movimenta o pequeno povoado reunindo pessoas de toda a região que buscam por música de qualidade.

Com um clima frio e uma densa neblina característica daquela região que cobre a bela paisagem do local mesmo durante o dia, Paranapiacaba encanta os visitantes com a sua aparência única, composta pela vegetação e o relevo montanhoso, além das suas antigas casas de madeira, hoje tombadas pelo patrimônio histórico, e suas ruas de paralelepípedo separadas pelos trilhos da desativada estrada de ferro que divide a vila em parte alta e parte baixa.

Em meio a esse visual convidativo, seus prédios públicos recebem nesse mês grandes nomes de nossa música em shows gratuitos que vão desde o início da tarde até a noite. Com uma estrutura bem projetada e com uma equipe de profissionais treinados a receberem o turista, o Festival de Inverno de Paranapiacaba é pura celebração à nossa música em meio a um vilarejo cravado na Serra que mais se parece com uma Londres em pleno trópico.

Nomes como Ed Motta, Léo Maia, Fernanda Porto, Pedra Branca e Zeca Baleiro uniram gente em torno da excelência de suas composições e interpretações.

Quem deseja desfrutar desse ambiente o Festival de Inverno Paranapiacaba continua nesses dias 24 e 25 de julho levando nomes como Zélia Duncan, Bruna Caram, Maria Rita, entre outros. Basta conferir a programação no site www.paranapiacabaecotur.com e aproveitar o melhor do que a nossa música pode oferecer.


Marcelo Augusto da Silva - 22/07/10

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Pra frente Brasil

Copa do mundo é a época de vermos o Brasil coberto de verde e amarelo e o brasileiro bradando o nome de seu país com o maior orgulho. Lastimável ver esse nacionalismo ser dedicado somente ao futebol.
Todo esse comportamento de devoção ao esporte, aparentemente inocente, que vemos hoje já foi um instrumento usado pelo governo militar na época da ditadura, o qual instigou a população a unir-se com as cores da bandeira do Brasil e torcer pela seleção, servindo disso como uma espécie de analogia ao desempenho econômico e social que os milicos insistiam em forjar. Em outras palavras, a ideia era transmitir que da mesma forma que a seleção de Zagalo obtinha ótimo desempenho no mundial os militares conduziam o país. Inconscientemente o brasileiro fazia uma relação entre esses dois setores totalmente opostos e ingenuamente dava espaço para a ditadura que torturava livremente pessoas que queriam ver um Brasil justo e democrático enquanto os craques da bola faziam o Brasil delirar a cada gol; uma verdadeira reprodução do pão e circo.
Como muito do que acontece é suscetível de suspeitas, há quem afirme que a vitória da seleção brasileira em 1970 foi um acordo entre Brasil, demais países e organizadores da Copa para dar sustentabilidade ao seu propósito, o que se torna plausível ao observarmos que na disputa pelo poder tudo é possível; já os fãs do futebol dizem que isso não passa de especulação sendo que a conquista do título veio devido aos craques que o time possuía, além do treinamento o qual eles foram submetidos. Independente de qual meio o tricampeonato foi conquistado, a estratégia dos militares funcionou naquele momento, hoje felizmente esse é um fato evidente e aberto a todos e serve de parâmetro para que outras mentiras maquiadas não ocorram.
Mesmo assim é possível de se concluir que apesar de toda informação e consciência que toda a população possui, nesse momento nas mais altas esferas do poder nossos representantes podem estar trabalhando em algo que vai nos afetar diretamente, mas que certamente não tomaremos conhecimento porque estamos preocupados em colocar mais uma estrela na camiseta da seleção brasileira.
No entanto é curioso perceber que o clima que paira no Brasil durante esse período é o mesmo daquele de quarenta anos atrás; mesmo o Brasil sendo considerado o país do futebol causa espanto ao ver a força que tem uma partida da seleção na Copa, a qual tem o poder de parar todo o país durante noventa minutos. Desde a criança até o idoso todos são envolvidos numa espécie de hipnose que faz cada um torcer, se emocionar e depois festejar compulsivamente uma vitória que causa uma alegria passageira. É como se ainda a vibração provocativa dos “ noventa milhões em ação” colocasse todos num mesmo estado de euforia e ufanismo.

Marcelo Augusto da Silva - 01/07/10