sexta-feira, 13 de junho de 2008

Pesquisas com células-tronco: uma chance para vida

Depois de muita polêmica, debates e, principalmente, de oposições de setores que continuam a insistir em interferir em áreas que não lhe dizem respeito, como é o caso da comunidade religiosa, foi aprovada pela Câmara dos Deputados no dia 28 de maio a pesquisa com células-tronco embrionárias. Com a aprovação, o texto segue para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A pesquisa com células-tronco foi aprovada por 366 votos favoráveis, 59 contrários e três abstenções.
A pesquisa será permitida somente com células-tronco embrionárias, desde que obtidas em fertilização in vitro e congeladas há mais de três anos, exatamente como fez o Senado no final do ano passado. Mas, para que o estudo seja feito, os pais devem autorizar a pesquisa expressamente. Atualmente, esses embriões, ao completarem quatro anos de congelamento, são descartados.
A votação fazia parte dos destaques apresentados ao texto básico da Lei de Biossegurança, que, entre outras coisas, permite a produção e a comercialização de produtos transgênicos, que são aqueles produtos acrescidos de um novo gene ou fragmento de DNA para que desenvolva uma característica em particular, como mudanças do valor nutricional ou resistência a pragas.
As células-tronco são células neutras que ainda não possuem características que as diferenciem como uma célula da pele ou do músculo, por exemplo. Essa capacidade em se diferenciar em outros tecidos tem chamado a atenção dos cientistas. Cada vez mais pesquisas mostram que as células-tronco podem recompor tecidos danificados e tratar um infindável número de problemas.
Mas por que a necessidade de ser células de um embrião? Basicamente, há dois tipos de células-tronco: as extraídas de tecidos maduros de adultos e crianças ou as de embriões. No caso das extraídas de tecidos maduros - como, por exemplo, o cordão umbilical ou a medula óssea - as células-tronco são mais especializadas e dão origem a apenas alguns tecidos do corpo. Já as células-tronco embrionárias cada vez se mostram mais eficazes para formar qualquer tecido do corpo. Esta é a razão pela qual os cientistas desejam tanto pesquisar estas células para possíveis tratamentos. O problema é que, para extrair a célula-tronco, o embrião é destruído.
Essas pesquisas representam uma esperança no tratamento de alguns tipos de câncer, o mal de Parkinson e o de Alzheimer, doenças degenerativas e cardíacas ou até mesmo fazer com que pessoas que sofreram lesão na coluna voltem a andar.Embora as pesquisas estejam no início, essa lei sinalizava uma esperança àqueles que sofrem com alguma doença ou lesão. Além disso, o país mostrou-se independente e consciente de que o mundo anda em constante e acelerada transformação, e que certos paradigmas têm que serem quebrados para bem comum, além de que pessoas não devem pagar com o seu sofrimento pelo pensamento retrógrado de alguns.
Marcelo Augusto da Silva - 06/06/08