quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Zumbi dos Palmares e a Consciência Negra

“Salvei minha pátria. Vinguei a América... Nunca mais um colono ou um europeu porá os pés nesse território com o título de amo ou proprietário.”
Jean-Jaques Dessalines

O ano de 2008 apresentou um aumento de 164% no número de cidades que comemoraram o feriado da Consciência Negra no dia vinte desse mês. Isso pode representar uma maior preocupação com essa parcela da sociedade, ou então significar que muitos municípios pegaram carona nessa onda e também decretaram feriado, esquecendo-se, portanto da conscientização que se deveria haver sobre o relacionamento entre as etnias.
Muitos foram os movimentos aqui no Brasil ou em outro local das Américas que enfrentaram a escravidão instaurada pelo europeu. Como exemplo temos o autor da frase que ilustra o início desse texto, que expulsou os franceses e proclamou a independência de seu país, o Haiti.
O Dia da Consciência Negra é celebrado nessa data por ter a ver com Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, símbolo da oposição e defesa dos escravos no Brasil diante da dominação branca no período em que éramos uma colônia.
Zumbi no Brasil representa o expoente na luta de um povo que foi escravizado, massacrado, dizimado e que hoje ainda pugna para conquistar o seu reconhecimento. Sua atuação no Quilombo de Palmares serve como inspiração aos negros na conquista de seus direitos.
Os quilombos eram comunidades formadas por escravos fugidos e até por pessoas livres que não aceitavam o modelo colonial. Neles, os quilombolas, nome dado aos habitantes dos quilombos, procuravam resgatar parte de suas tradições e buscavam manter um nível de vida igualitário. O mais famoso deles, o Quilombo de Palmares, se localizava no atual estado de Alagoas, que na verdade era uma união de mais de dez quilombos que resistiram e sobreviveram aos ataques do governo e dos donos de escravos durante quase todo o século XVII. Palmares chegou a ter entre vinte e trinta mil habitantes, um número altíssimo comparado à população total do Brasil na época.
Foi em Palmares que surgiu a liderança de Zumbi, que à frente do quilombo foi a força motriz na resistência aos ataques inimigos e reuniu os quilombolas em torno do sonho de se verem livre da escravidão.
Palmares foi atacado durante toda a sua longa existência; o governo por sua vez desencadeou uma verdadeira guerra contra a comunidade, que além de concentrar um grande número de escravos fugidos, servia de exemplo para a formação de outros pela região. Muitos dos ataques do governo foram derrotados pelos quilombolas, o que fazia as lideranças governistas e os senhores de escravos a aumentarem ainda mais o ódio e as ofensivas aos negros e a Palmares.
Zumbi em Palmares passa a se o elemento principal contra a opressão dos brancos. Apesar de todo o investimento contra o quilombo a sua liderança garantia a sobrevivência da comunidade e as vitórias a cada batalha.
Sobre a sua morte não há, no entanto, uma documentação que comprove a sua causa, ou seja, não se sabe se ele foi morto ou suicidou-se. O que se tem é a confirmação de que ela ocorreu no dia 20 de novembro de 1695, dois anos após a destruição completa de Palmares.
Por esse fato é que nessa data se comemora o Dia da Consciência Negra, e essa escolha serve para mostrar ao Brasil e ao mundo que assim como Zumbi incorporou uma causa, hoje todos os negros continuam envolvidos em torno desse mesmo ideal, até que o mundo os encare com dignidade e deixem de levar em consideração questões tolas e insignificantes como diferenças de cor.
Marcelo Augusto da silva - 21/11/08