quinta-feira, 31 de julho de 2008

Metrópoles, caminhões e transtornos.

Começou nessa segunda-feira dia 28 o rodízio de caminhões, inclusive para os de pequeno porte, em São Paulo. A lei municipal se soma a uma série de outras restrições aos caminhões iniciadas no mês passado na cidade.
Com essa medida a prefeitura paulistana prevê a redução de 20% dos cerca de 126 mil caminhões que trafegam a cada dia pelas vias que fazem parte do rodízio. Segundo dados da própria prefeitura, o nível de congestionamento no primeiro dia do rodízio representou uma queda de 49%.
Além do trânsito caótico que os carros e caminhões proporcionam em São Paulo, tem-se também a poluição que nesses dias de baixa umidade do ar chega a causar sérios problemas às pessoas e ao meio ambiente como complicações alérgicas e respiratórias, sangramento pelo nariz, ressecamento da pele, irritação dos olhos e aumento do potencial de incêndios em florestas e pastagens.
Um fato interessante sobre a origem das metrópoles e de seus conseqüentes problemas é que, não por coincidência, a urbanização desordenada e o inchaço das cidades acorreram devido ao investimento no transporte rodoviário no Brasil, que de uma forma não planejada ou não bem escolhida, convergiu-se todo nesse segmento. Atualmente as rodovias brasileiras atingem aproximadamente 1,7 milhões de quilômetros, transportando 96% dos passageiros e 63% da carga.
Toda essa concentração dos transportes em um único meio foi resultado de um processo que se iniciou em 1945 com final da Segunda Guerra Mundial. Após o desfecho do conflito os EUA tinham caminhões e motores sobrando, pois haviam investindo muito nesse transporte para abastecer suas tropas que lutavam contra os nazistas. Iniciou-se então uma intensa pressão dos estadunidenses para que outros mercados adotassem esse meio de transporte. Dentre esses mercados estava o brasileiro dono de uma extensa malha ferroviária, criada e expandida com a expansão cafeeira, mas que foi deixada de ser ampliada ou mesmo mantida para se investir na construção de rodovias, um sinônimo de progresso e desenvolvimento na época.
Paralelamente à adoção do transporte rodoviário brasileiro, acontecia a industrialização e a migração do homem do campo para cidade, e assim como é hoje, naquela época o preço das mercadorias eram altos devido ao elevado custo do transporte rodoviário. As indústrias numa forma de diminuírem gastos optaram então por se concentrarem em algumas poucas cidades dando origem às metrópoles de hoje.
A aceitação da imposição americana acarretou para o país um enorme prejuízo, não só na questão da quantidade veículos e caminhões que circulam nas cidades e nas estradas causando congestionamento e poluição, mas também pelo número de acidentes acorridos diariamente pelo território afora. Além de haver usuários em demasia, as rodovias brasileiras - salvo as privatizadas que cobram um preço absurdo pelos pedágios - estão em péssimas condições, o que lamentavelmente tira a vida de milhares de pessoas.Se o Brasil tivesse investido mais no transporte ferroviário, assim como fez a Europa e os EUA que transporta 47% e sua carga através de trilhos, certamente hoje teríamos menos acidentes, menos problemas e uma melhor qualidade de vida.
Marcelo Augusto da Silva - 01/08/08