segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A República dos bananas

Nessa semana em que comemoramos o aniversário da Proclamação da República no Brasil, lembrei de algo que costuma me chamar a atenção. Sempre que estou dando aulas de História do Brasil na 8º série do Ensino Fundamental, cujo conteúdo compreende o período do começo do século passado até a atualidade, sou indagado por muitos alunos sobre quem foi o melhor presidente que o Brasil já teve.
Difícil responder uma pergunta dessas sem deixar a parcialidade de lado, mas tento encontrá-la através do olhar crítico, e como se eu estivesse em outro contexto. Difícil também é achar alguém ou algo perfeito em toda a sua plenitude, uma vez que a perfeição é uma utopia, embora seja perseguida por muitos.
Mas numa rápida olhada no processo republicano no Brasil percebo a confusão que é nossa vida política, a começar pela própria Proclamação da República, que só foi realizada para manter privilégios de alguns grupos e, o que é pior, sem a participação popular, onde o brasileiro acordou no dia 15 de novembro de 1889 sem saber que vivia a partir daquele momento num país republicano. Sem falar que os primeiros presidentes que tivemos eram todos militares, o que torna a nossa república ainda mais incoerente, já que ela deveria ser representada por civis eleitos pelo sufrágio universal.
Depois desse tropeço inicial tivemos a república coronelista que revezava o poder federal entre os governadores de São Paulo e Minas Gerais eleitos através das fraudes eleitorais, que só terminou, vejam só, com o golpe de Getúlio Vargas, que se manteve como presidente durante quinze anos através de mais outros dois golpes, e que por ironia do destino só deixou o governo graças a um outro golpe.
Após o fim da Era Vargas outros fiascos aconteceram no nosso cenário político, como Jânio Quadros que depois de se eleger sob a promessa de varrer a corrupção do Brasil renunciou ao cargo poucos meses após ser empossado, e Jango seu vice que assumiu o controle do país, foi derrubado por outro golpe, dessa vez um militar, que durou mais de vinte anos e dispensa comentários.
Aliás, depois de todo esse período ditatorial, quase que o país se vê refém de uma continuidade do militarismo, pois no dia de sua posse, Tancredo Neves o primeiro presidente civil após duas décadas, é vitimado por uma doença que o leva à morte meses depois.
Nesse momento o Brasil começa a viver novamente em uma democracia, mas no fim da década de oitenta a Rede Globo lança seu candidato e fazendo a cabeça dos eleitores o elege, embora nenhum brasileiro soubesse de onde vinha nem quem era o esculacho chamado Collor. No entanto como este não atende os privilégios das classes dominantes e se envolve nos mais estapafúrdios casos de corrupção, a mesma Rede Globo urdiu todo um mecanismo até conseguir arrancá-lo do poder.
Permeando esses presidentes tivemos outros que devem ser lembrados pelas suas bizarrices como JK que abriu o país para o investimento externo, FHC que privatizou o país e Lula, o mais recente deles, que sendo uma referência na esquerda brasileira se une à direita e ao assumir a presidência dá um continuísmo ao governo anterior, o qual ele tanto criticava.Tudo isso faz com que a resposta sobre quem foi o melhor presidente do Brasil se torne quase impossível de responder. É claro que há exceções nesses casos citados não existindo somente erros em seus governos; certos presidentes merecem o reconhecimento pelo que fizeram, se bem que, há por outro lado algo que os desabone. Minha resposta então é afirmar que o Brasil não teve em nenhuma ocasião um presidente admirável na sua totalidade, mas procuro dizer que dentre aqueles que nos comandaram alguns fizeram algo de bom para o país e isso deve ser lembrado, e esses seus acertos servem para mostrar que não se deve desacreditar nem abandonar a política, para que assim um dia, quem sabe, teremos um excelente presidente.
Marcelo Augusto da Silva - 14/11/08