quinta-feira, 18 de setembro de 2008

As distâncias ainda existem


Já no início da formação das primeiras civilizações havia um distanciamento de um povo em relação a outro devido ao seu desenvolvimento, o que gerava certo preconceito nas relações de um com o outro. Um povo que estivesse num nível de organização dito “mais avançado” desprezaria e subjugaria aquele que ainda não o tivesse atingido, ou então aquele que já dominasse algumas técnicas, recursos ou mesmo estratégias também se comportaria dessa forma.
O Brasil na época da chegada dos portugueses iniciou a sua vivência nessa situação e desde já de um modo bem agressivo, pois os nativos estavam no caso num nível de organização social diferente comparado ao dos portugueses, além de que eles possuíam uma cultura também muito diferente.
Devido a essa diferença entre os dois povos, o português se julgou superior aos primeiros habitantes de nossa terra e serviu-se desse pensamento para promover uma matança contra o elemento indígena. Esse caso figurou como um dos mais cruéis preconceitos, pois além de não se respeitar, nem muito menos valorizar a cultura do índio, não se respeitou o seu próprio direito à vida.
Se o índio não conhecia certos aparatos ou não detinha o conhecimento já adquirido pelo branco não significava que ele fosse incapaz, mas sim que seu estágio evolutivo não lhe proporcionava as condições necessárias para que ele concebesse algo ligado a certo conhecimento; ou então indo mais longe, o índio não havia a necessidade de criar e utilizar todas as quinquilharias do europeu porque o seu modo de vida não exigia de nada além do que ele tinha, não significando também que ele era intelectualmente inferior.
Ainda sobre o caso específico dos índios cabe aqui dizer que dentro da sua simplicidade ele se mostrou, e ainda se mostra, totalmente superior (agora com toda a justiça do termo), pois ele não possui os valores nocivos e destrutivos e nem comete as atrocidades injustificáveis típicas da sociedade branca.
Assim como no passado hoje essas diferenças e intolerâncias entre comunidades e etnias ainda permanecem, chegando em alguns casos acontecer dentro de um mesmo grupo, e apesar de tantos esforços e de tanta discussão em torno do assunto o preconceito, a não aceitação e a exploração do outro ainda é latente.
Enquanto determinados segmentos da sociedade se interagem com o mundo graças à tecnologia e dominam vários recursos técnicos que lhes trazem lucro e conforto, vemos comunidades que ainda não foram inseridas nem num sistema educacional que lhes ofereçam a oportunidade de uma alfabetização e que nem de longe têm algum contato com a tecnologia e os seus benefícios, colocando-as numa distância muito grande em relação à outros grupos, aprofundando ainda mais o abismo social.
Por viverem dessa forma, embora isso não caracterize nenhuma desvantagem ou prejuízo, essas pessoas vão ficando à margem da sociedade, chegando a tornarem-se massa de manobra da elite social e também sendo aproveitas de alguma forma por aqueles que estão na outra extremidade para se manterem ainda mais no domínio.
É o caso do Brasil onde já não há mais a morte de quem usa a flecha por aquele que usa a pólvora, mas quem não sabe ler nem escrever ou é morto lentamente ou então serve para enriquecer ainda mais aqueles que estão conectados dia e noite via satélite.
Marcelo Augusto da Silva - 18/09/08