sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Novamente a comoção geral

O caso do seqüestro das adolescentes que terminou com a morte de uma delas na última semana leva à constatação que de tempos em tempos os mesmos atos se repetem em nosso país, mudando apenas os personagens e o cenário.
A grande mídia mais uma vez usufruiu do ocorrido e usou de todos os seus artifícios para tirar proveito do assunto ao máximo e com ele aumentar o IBOPE. Não que as vítimas não mereçam a atenção dispensada, mas o fato é que há o exagero, a superexploração de imagens, de comentários e do acompanhamento maçante desses casos de violência, causando a conhecida emersão de opiniões a respeito de assuntos relevantes como, por exemplo, a pena de morte.
A partir dessas reportagens aqueles apresentadores que defendem posições arcaicas e irresponsáveis como a pena capital e redução da maioridade criminal, abusam da liberdade expressão que possuem para esbravejar suas palavras de ordem à população, que alucinadas pelo que vêem , acabam se inclinando a favor desses pensamentos.
Não faz muito tempo o Brasil todo se fixou no caso da menina Isabela que fora atirada da janela de um apartamento. O episódio assim como tantos outros depois de todo o alarde criado pela mídia esfriou. Após um período foi por ela mesma substituído por outro, mais lucrativo, o que fez o povo se esquecer do passado.
Qual seria então o papel do meio de comunicação televisivo? Seria alvoroçar o lado sensível das pessoas durante um momento ou de informá-las sobre os problemas que enfrentamos e a partir disso abrir um debate para questões como violência, punição ou impunidade?
O que ela tem feito repetidas vezes é tão somente aflorar os ânimos do telespectador, viciá-los em acompanhar casos de brutalidades que só alienam e provocam uma discussão pífia, improdutiva e efêmera.
É necessário ir além das locuções exaltadas dos apresentadores de programas de quinta categoria e estimular o povo a mudar a sua relação perante a violência e a não ficar somente comovido e passivo diante de mais casos violentos, tal como foi o que aconteceu nessa semana.
Será que a mídia, principalmente a monopolizadora, se acostumou a tratar a vida como se fosse uma novela. Estamos lidando com seres humanos, com questões sociais não com ficção. Esses acontecimentos não podem ser vistos somente pelo sentimentalismo, eles, apesar de toda a dor causada, têm que servir de mote para que a população reivindique mudanças eficazes na estrutura do país.
Seria interessante que os meios de comunicação colaborassem para que as pessoas não se esqueçam do que acontece, mas sim a lembrá-las sempre para que exista motivação para estar sempre trilhando um caminho para melhorias.
Marcelo Augusto da Silva - 24/10/08