quinta-feira, 8 de abril de 2010

As facetas do fundamentalismo

Há muitas definições a respeito do significado da palavra fundamentalismo, existe quem afirme que ela se refere à institucionalização de um Estado islâmico de acordo com os preceitos do Alcorão, ou então à forma extremista e radical de conduta ou ação daqueles que professam o islamismo, caracterizado por um extremo fanatismo. Essa segunda definição, explorada pela mídia, se enquadra melhor para nós que vemos frequentemente atitudes terroristas.
Os ataques contra uma estação de metrô em Moscou na semana passada, que provocaram a morte de várias pessoas e deixou outras tantas feridas, trouxe novamente o terrorismo ao foco das atenções e ganhou destaque por eles serem provocados por mulheres-bomba. Parece ser um fato incomum, mas, na realidade é de certa forma habitual acontecer atentados praticados por mulheres do islamismo.
O governo russo atribuiu a responsabilidade à Chechênia, região dominada pelos russos localizadas no Cáucaso, área de antigas disputas, rica em minérios, petróleo e local de passagem de oleodutos russos. Dividindo a região caucasiana com outros países, a Chechênia depois do fim da União Soviética, deu origem a um grupo de líderes que declarou-se como um governo legítimo, anunciando um novo parlamento e decretando independência. Até hoje sua independência não foi reconhecida por nenhum país. Entretanto, esta declaração tem causado conflitos armados em que diversos grupos rivais chechenos e o exército da Rússia se envolveram, resultando em aproximadamente 150 mil mortos, no período entre 1994 e 2003.
Muito mais que um ataque em retaliação às invasões russas a atitude das mulheres-bomba, bem como as tantas outras, são resultado de um processo em que elas, para se vigarem da morte de seus maridos que foram vítimas de seus inimigos, agem dessa maneira. Iniciados a dez anos, os ataques realizados por mulheres, as chamadas viúvas-negras, representam 65% dos atentados terroristas e se tornam um desafio ainda maior para uma tentativa de solução do problema. Da mesma forma que os suicidas explodem o próprio corpo para atingir o seu inimigo esperando a recompensa de Alá nos céus, as mulheres igualmente fazem, na crença de conseguir dessa maneira o marido perfeito nos céus, ou até mesmo aquele que se perdeu na Terra.
Para muitas dessas mulheres que se entregam ao terrorismo essa atitude condiz com a realidade vivida por elas e com o pensamento islâmico. Às viúvas são passadas informações que sua vida já não vale mais nada e a explosão de si mesma traz de volta o reconhecimento e também uma “utilidade” a elas. Outras, vítimas de estupro por parte de soldados inimigos, agem dessa forma por um motivo que vai também além da vingança, pois um ataque terrorista serve para recompensar o desmereciento que elas sofrem por não terem mais a virgindade e se tornarem imprestáveis para o casamento.
Dentro do conjunto de nosso conhecimento e informações , um caso desse até causa certa estranheza, mas se analisarmos a fundo veremos que ele não é tão raro, mas sim mais fruto de uma cultura que valoriza demasiadamente a Jihad e que coloca as outros povos numa posição de desprivilégio, principalmente a ocidental tida como inimiga maior, e mantém ainda valores como virgindade e principalmente o machismo como sendo o norteadores de suas vidas.


Marcelo Augusto da Silva - 08/04/10