quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O Egito em destaque

É sempre fascinante falar ou ouvir algo sobre o Egito. Formadores de uma das primeiras civilizações da História, os egípcios se desenvolveram às margens do grandioso Rio Nilo, onde aproveitaram suas águas, que transbordavam periodicamente, para fertilizar o solo e desenvolver assim a agricultura.
Além disso, foram pioneiros em muitos setores como por exemplo na medicina, que no desenvolver da técnica da mumificação se aprofundaram na anatomia humana; foram responsáveis por construções de dimensões extraordinárias como as pirâmides que até hoje despertam a curiosidade em muitos e semeiam explicações das mais variadas para entender a capacidade de erguer tais obras; foram igualmente magníficos ao desenvolverem um Estado centralizado para controlar a crescente população, a produção agrícola e as construções de diques e canais de irrigação necessários no aproveitamento das águas do Nilo.
Porém não foram tão perfeitos em tudo que fizeram; assim como acontece com qualquer outro povo os vícios e os erros também acometeram os egípcios. Sua sociedade era estratificada, ou seja, rigorosamente dividida em camadas que colocava outras em níveis subjugados, sem a possibilidade de mudança social. Também invadiram e dominaram outros povos em guerras deploráveis e escravizaram outros tantos; seu Estado forte tornou-se autoritário suficiente para suprimir a vontade da população e se tornar perpétuo e tirano em algumas fases.
Nos últimos dias o Egito volta a ser evidência novamente, dessa vez nos dando um ensinamento ao mostrar ao mundo milhares de pessoas tomando a praça pública e exigindo a renúncia de um governo que havia se instalado há três décadas no país, governo que lembra a teocracia da antiguidade egípcia – forma de governo em que o representante é chefe político e religioso ao mesmo tempo, sendo considerando um representante divino na Terra.
A manifestação pública forçou a queda do ditador, porém não garantiu a democracia no país, palavra pouco conhecida e consequentemente um sistema político pouco usado em países de tradição islâmica assim como é o Egito. A expectativa atual é não ver o exército, que ocupa o governo provisoriamente, se manter nele durante anos e instalar uma nova ditadura.
O ideal é ver construído no Egito um governo que respeite as liberdades e as diferenças, que mantenha em todos os seus níveis a democracia e que acate principalmente o princípio das eleições livres e periódicas. No entanto num país em que prevalece a tradição religiosa esses ideais parecem serem utópicos no momento.

Marcelo Augusto da Silva - 17/02/2011