"Guantánamo é o
símbolo da injustiça e do abuso”
Depoimento da Anistia Internacional
A greve de fome realizada pelos prisioneiros
de Guantánamo só vem a confirmar que o fechamento da prisão já passou da hora
de acontecer. Barack Obama, que tinha como promessa de campanha o seu
encerramento, não consegue ter uma ação definitiva sobre a decisão, pois o Congresso
estadunidense não aceita o fim das atividades dessa bizarra prisão alegando
argumentos esfarrapados. Embora sem sucesso, Obama parece ser o único
presidente que tem uma visão um pouco mais coerente em relações às
arbitrariedades que marcam a história do seu país.
O manifesto grevista realizado por 130 dos
166 presos na prisão cubana - que tem finalidade hoje de abrigar presos com
suspeita de terrorismo - tem como objetivo protestar contra a suas detenções
indefinidas e sem acusações formais. Para agravar a situação, o governo
estadunidense, numa manobra para diminuir os efeitos das atrocidades por eles
cometidas em Guantánamo, alimentam alguns dos manifestantes à força, atitude
que viola o direito individual de escolha ou não em receber tratamento.
A prisão de Guantánamo está localizada no sul
de Cuba, mais precisamente na baía de Guantánamo, numa área de 116km2, a
qual desde 1903, de acordo com um decreto assinado com Cuba, dá o arrendamento
perpétuo da área aos EUA. Assim, nenhuma organização ou organismo de defesa dos
Direitos Humanos, inclusive a ONU, têm autorização para entrar na região, o que
dá possibilidade dos estadunidenses de promoverem quaisquer atitudes grotescas,
como os já denunciados casos de maus tratos e torturas contra os presos
suspeitos de terrorismo. Os casos de violação
dos Direitos Humanos contra os detentos de Guantánamo são vários: abusos,
agressões físicas, a não possibilidade de terem um advogado ou contato com a
família e nem mesmo acesso ao Alcorão, o livro sagrado do Islamismo, o qual é
essencial àqueles que professam essa religião.
Pautados numa ideologia em que defende a
democracia e divulgadores da ideia de que os EUA é o país da liberdade, seus
habitantes e seus representantes a cada vez confirmam ainda mais que isso é uma
falácia; prepotentes, autoritários e arrogantes, seu discurso na prática
defende a democracia desde que seja a sua democracia. A prisão só marca a
história do país com mais uma sujeira e com mais um ato de ultraje e de desrespeito
às diferenças; sob a afirmação de que o terrorismo é uma mal atual e deve ser
banido, os estadunidenses se mostram tão injustos e intolerantes como qualquer
extremista ou fundamentalista do Oriente Médio, usam assim de sofismas e de
meios sórdidos para impor seu domínio mantendo uma imagem de integridade.
Se a eleição de Barack Obama em 2008 - o
primeiro presidente negro e com uma trajetória não tão ultradireita com seus
antecessores - sinalizou uma mudança de comportamento do país em relação a todos
seus atos insanos e imperiais, como a invasão ao Iraque e a própria Guantánamo,
seu governo não tem se mostrado eficiente para colocar em prática uma proposta
que todo mundo está há muito tempo exigindo. É preciso achar meios dentro do
Congresso conservador e reacionário estadunidense para acabar de vez com esse
fantasma que a prisão se tornou, e futuramente conquistar tantas outras mudanças
que já deveriam ter se concretizado.
Detentos da prisão de guantánamo |
Marcelo Augusto da Silva - 08/05/2013