quinta-feira, 9 de maio de 2013

Obama, por favor, feche Guantánamo!



"Guantánamo é o símbolo da injustiça e do abuso”
Depoimento da Anistia Internacional

A greve de fome realizada pelos prisioneiros de Guantánamo só vem a confirmar que o fechamento da prisão já passou da hora de acontecer. Barack Obama, que tinha como promessa de campanha o seu encerramento, não consegue ter uma ação definitiva sobre a decisão, pois o Congresso estadunidense não aceita o fim das atividades dessa bizarra prisão alegando argumentos esfarrapados. Embora sem sucesso, Obama parece ser o único presidente que tem uma visão um pouco mais coerente em relações às arbitrariedades que marcam a história do seu país.
O manifesto grevista realizado por 130 dos 166 presos na prisão cubana - que tem finalidade hoje de abrigar presos com suspeita de terrorismo - tem como objetivo protestar contra a suas detenções indefinidas e sem acusações formais. Para agravar a situação, o governo estadunidense, numa manobra para diminuir os efeitos das atrocidades por eles cometidas em Guantánamo, alimentam alguns dos manifestantes à força, atitude que viola o direito individual de escolha ou não em receber tratamento.
A prisão de Guantánamo está localizada no sul de Cuba, mais precisamente na baía de Guantánamo, numa área de 116km2, a qual desde 1903, de acordo com um decreto assinado com Cuba, dá o arrendamento perpétuo da área aos EUA. Assim, nenhuma organização ou organismo de defesa dos Direitos Humanos, inclusive a ONU, têm autorização para entrar na região, o que dá possibilidade dos estadunidenses de promoverem quaisquer atitudes grotescas, como os já denunciados casos de maus tratos e torturas contra os presos suspeitos de terrorismo. Os casos de violação dos Direitos Humanos contra os detentos de Guantánamo são vários: abusos, agressões físicas, a não possibilidade de terem um advogado ou contato com a família e nem mesmo acesso ao Alcorão, o livro sagrado do Islamismo, o qual é essencial àqueles que professam essa religião.
Pautados numa ideologia em que defende a democracia e divulgadores da ideia de que os EUA é o país da liberdade, seus habitantes e seus representantes a cada vez confirmam ainda mais que isso é uma falácia; prepotentes, autoritários e arrogantes, seu discurso na prática defende a democracia desde que seja a sua democracia. A prisão só marca a história do país com mais uma sujeira e com mais um ato de ultraje e de desrespeito às diferenças; sob a afirmação de que o terrorismo é uma mal atual e deve ser banido, os estadunidenses se mostram tão injustos e intolerantes como qualquer extremista ou fundamentalista do Oriente Médio, usam assim de sofismas e de meios sórdidos para impor seu domínio mantendo uma imagem de integridade.
Se a eleição de Barack Obama em 2008 - o primeiro presidente negro e com uma trajetória não tão ultradireita com seus antecessores - sinalizou uma mudança de comportamento do país em relação a todos seus atos insanos e imperiais, como a invasão ao Iraque e a própria Guantánamo, seu governo não tem se mostrado eficiente para colocar em prática uma proposta que todo mundo está há muito tempo exigindo. É preciso achar meios dentro do Congresso conservador e reacionário estadunidense para acabar de vez com esse fantasma que a prisão se tornou, e futuramente conquistar tantas outras mudanças que já deveriam ter se concretizado.
Detentos da prisão de guantánamo

Marcelo Augusto da Silva - 08/05/2013