quinta-feira, 22 de abril de 2010

O aperto de mão entre EUA e Rússia

O que há um tempo atrás parecia ser algo impossível de se realizar aconteceu no dia 09 de abril em Praga, capital da República Tcheca, onde Barack Obama, presidente dos EUA e Dmitry Medvedev presidente da Rússia, assinaram um acordo de redução em seus arsenais nucleares, em substituição ao que havia sido acordado pelo Tratado Estratégico de Redução de Armas (START, na sigla em inglês), de 1991, que expirou em dezembro. Obama assinou esse tratado 48 horas depois de ter revelado uma nova doutrina nuclear, segundo a qual os Estados Unidos só recorrerão à arma atômica em "circunstâncias extremas", para defender seus interesses vitais e de seus aliados.
Inimigos mortais durante a Guerra Fria (1945-1989) - período em que EUA e URSS (atual Rússia) estavam armados até os dentes - esses países colocavam o mundo em pânico por viverem em constante ameaça de um atacar o outro com suas temíveis armas nucleares que já naquela época tinham um enorme poder de destruição. Com o colapso da URSS socialista no final da década de 1980, que voltou a se denominar Rússia, e a sua transição ao capitalismo, a briga que felizmente foi só ideológica não tinha mais razão de continuar; mesmo assim esses gigantes bélicos ainda mantém seus aparatos bélicos nucleares. Atualmente Rússia e EUA possuem juntas 95% de todo o arsenal nuclear mundial.
Embora tecnicamente esse acordo não represente uma vitória da paz, pois ambos se comprometeram reduzir em apenas 30 por cento nos próximos sete anos o arsenal estratégico instalado em seus territórios, o que significa que ainda assim as ogivas remanescentes seriam suficientes para uma destruição mútua. Além do mais essa redução se faz em equipamentos que os dois países não precisam mais, fato que rendeu críticas do presidente Lula ao acordo, o qual disse que estão eliminando armas que estão fora do seu prazo de validade .
De qualquer forma o acordo sinaliza ao menos uma mudança positiva nas relações entre esses dois ex-inimigos. No entanto podemos enxergar uma estratégia nesse tratado, já que vivemos um momento em que o Irã e a Coréia do Norte se declararam desenvolvedores de projetos nucleares o que causa duplo terror aos EUA, pois são representantes do terrorismo e comunismo, ou seja, doutrinas inimigas dos estadunidenses. Seria de certa forma uma pressão perante esses dois países ou uma forma de se mostrarem inocentes em relação a uma catástrofe mundial, o que daria suporte para enfrentar iranianos e coreanos num briga pelos seus desarmamentos.
Um gesto de certa forma pequeno para o ganhador do Nobel da Paz, grande no sentido de caminhar para a aproximação harmoniosa entre EUA e Europa (uma vez que a ideia do famoso escudo de proteção antimíssil a ser instalado no continente europeu pelos EUA continua) e suspeito ao lembrarmos na atual mudança de foco em relação ao inimigo maior dos estadunidenses, já que há um tempo atrás o terrorismo também faz parte do “mal” a ser combatido, junto com o comunismo, por eles.

Marcelo Augusto da Silva - 22/04/10