quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Barack Obama e Bashar Al-Assad



Aonde leva essa loucura?
Qual é a lógica do sistema?
Onde estavam as armas químicas?
O que diziam os poemas?

Armas Químicas e Poemas - Engenheiros do Hawaii

 As tensões envolvendo a Síria e os EUA continuam a causar polemicas. De um lado o ditador Bashar al-Assad afirma “que seu país é capaz de fazer frente a qualquer agressão estrangeira”, do outro o líder da nação mais hegemônica do mundo defende uma intervenção militar como uma medida para garantir a punição ao governante sírio, além de proteção e estabilidade na região. O governo estadunidense para justificar sua entrada na Síria afirma ter comprovações de uso de armas químicas – proibidas de serem utilizadas de acordo com Convenção assinada em 1997 – na forma de gás sarin, substância que ataca o sistema nervoso das vítimas e provoca parada respiratória.
Tal atitude do governo Obama mantém o mesmo comportamento de Bush, muito criticado no mundo por suas atitudes unilaterais e belicosas, o qual invadiu o Iraque em 2003 sob a alegação questionável de o país conter também armas químicas. Da mesma maneira que a invasão ao Iraque, essa intervenção não pune somente o governante do país, mas sim toda a população, ao submetê-la a uma guerra e a condições de refúgio, falta de abastecimento, violência e o sofrimento com a morte de familiares. Nessa semana, no entanto, para não se autoclassificar como único responsável pelo ataque, Obama comunicou que deve dar o aval à invasão de acordo com a decisão do Congresso estadunidense, retirando de si próprio o peso dessa responsabilidade.
Bashar por sua vez não se mostra tímido diante da ameaça dos EUA, muito pelo contrário, se reserva no direito de resistir e revidar usando obviamente de meio belicosos. A postura do ditador em frente a essa situação indica que, caso a intervenção estadunidense se confirmar, teremos um confronto extenso com consequências graves a toda população síria.
No fundo essa ameaça intervencionista só reforça o antagonismo e a rivalidade entre Oriente e Ocidente, mostrando que ambos são intolerantes em relação a cultura oposta. Já para os EUA, a guerra civil síria tem servido de subterfúgio para impor sua hegemonia e domínio no Oriente; para os fundamentalistas islâmicos servirá como um pretexto a mais para destilarem seu extremismo.
Os estadunidenses na condição de ocupantes de cadeiras em setores estratégicos da ONU, bem como a própria Organização em si, deveriam ter atitudes dignas diante desse caso e buscar medidas que indiquem uma saída desse conflito interno e também meios de promoção a uma transição de governo sírio que não cause prejuízos à população.
Conduzir uma invasão só vai aumentar a intolerância dos islâmicos contra o Ocidente; abrirá um precedente para que os jihadistas com seu extremismo arregimente ainda mais as crianças a formarem milícias favoráveis ao fundamentalismo e provocará mais retaliações contra seu próprio povo e contra outros povos.

Marcelo Augusto da Silva - 05/09/2013