quinta-feira, 26 de junho de 2008

Lei seca ao volante: tem que abranger a todos

Na semana passada o presidente Lula sancionou uma lei – a qual está sendo conhecida como Lei seca ao volante - que proíbe a ingestão de qualquer quantidade de bebida alcoólica pelos motoristas antes de dirigirem; anteriormente era permitida a dose equivalente a três tulipas de chope. Além dessa alteração a nova lei determina multa de R$ 955,00 ao condutor que for flagrado dirigindo após ter consumido álcool; a suspensão da carteira por até um ano; a proibição da venda de bebidas alcoólicas nas áreas rurais de estradas federais e a liberalização nos trechos urbanos.
Se dependesse de leis, o Brasil seria o país mais justo para se viver, pois a nossa legislação abrange vários setores e prevê punição àqueles que a transgridem. Em contrapartida falta fiscalização, cumprimento, e o mais importante de tudo, punição aos infratores, indistintamente de quem sejam eles. No que diz respeito ao trânsito há várias leis - além da que rege o consumo de álcool - que se fossem cumpridas reduziriam consideravelmente o número de acidentes e mortes.
Se a lei seca ao volante que passa a vigorar agora supõe que o motorista tem a noção dos prejuízos que o álcool causam na sua concentração e percepção, é justo então puni-lo, porém é mais justo ainda punir também todos os envolvidos nesse delito como aquele que fabrica o produto. Quando em fevereiro deste ano a MP (Medida Provisória) proibiu a venda de bebidas nos trechos rurais e urbanos das rodovias federais, o governo sofreu muita forte pressão da indústria de bebidas, o que forçou os parlamentares a afrouxarem a decisão, fazendo-a vigorar apenas nas áreas rurais das estradas, ou seja, a favor do lucro o condutor tem uma oportunidade a mais de embriagar-se e logo após dirigir o seu veículo, colocando em risco a sua vida e principalmente a de outras pessoas.
De acordo com essa constatação quem está na outra ponta do novelo, ou seja, os fabricantes e distribuidores de bebidas, têm também a noção que estão colocando à venda no mercado uma droga, que assim como as outras, causam alterações e dependência naquelas que a consomem. Partindo então desse raciocínio a punição deveria também cair sobre eles e penalizar dessa forma todos os envolvidos nesse processo.
Marcelo Augusto da Silva - 27/06/08