sexta-feira, 12 de setembro de 2008

A caça ao voto através dos tempos


Para obter apoio popular, o candidato deve saber o nome dos próprios eleitores, elogiar seus méritos, bajular, mostrar-se generoso, fazer alarde e dar esperança de um emprego público [...]
Cícero – orador, estadista e escritor romano

O cenário das campanhas eleitorais que temos hoje, carregada de propagandas, comícios, apelos de votos e também do comparecimento de candidatos a qualquer lugar em que se encontre um grupo de eleitores, nos dá uma idéia de que isso é uma situação típica da contemporaneidade.
Porém a política e tudo o que a envolve acompanha a vida do ser humano há milênios, como é o caso de Atenas, importante cidade-Estado grega que lançou as bases da política e da democracia.
Roma a exemplo do caso ateniense e de outras cidades tinha uma vida política muito agitada e com características muito próximas à nossa. A efervescência e o corre-corre das campanhas eleitorais se assemelha muito com a dos nossos dias, bem como a postura e o comportamento daqueles que disputam os cargos políticos.
A propaganda em cartazes espalhados pela cidade era utilizada em grande escala pelos romanos, os quais divulgavam suas propostas e suas promessas. Os candidatos romanos tomavam o cuidado - segundo instruções de estudiosos do assunto na época - de manter um constante contato com os eleitores e com o povo mesmo não tendo nenhuma afinidade com as outras camadas da população.
A idéia de se transmitir aos eleitores uma imagem de pessoa íntegra, responsável e dedicada era de grande valia para os romanos. Hoje nossos candidatos mantêm esse costume e ainda contam com a sorte de serem favorecidos pela tecnologia, pois podem reforçar sua imagem – muitas vezes falsa – com uma foto de um sorriso forçado, ou com um vídeo dele visitando uma comunidade carente.
Fazer aliados, arregimentar cabos eleitorais, manter ligações, fazer contatos, forjar acusações aos adversários, mostrar os vícios, os erros e as fraquezas do oponente também era uma prática de praxe nas campanhas romanas.
Comparando as duas situações vemos que muito pouco, ou praticamente nada, evoluiu em séculos e séculos de História. Hoje o indivíduo apesar de ser instruído e de possuir um maior acesso à informação ainda se vê cativo da baixaria que paira sobre a política.
Infelizmente a vida pública continua sendo vista como um privilégio, como um lugar para poucos ou então como um meio de ascensão ou estabilidade, e muitos ainda não enxergaram as verdadeiras intenções dos que querem nos representar. Por que não herdar do passado apenas os bons exemplos? Por que não evoluir e eliminar tudo aquilo que é nocivo ao homem e à vida em sociedade?
Pelo que vemos chegamos à conclusão que ainda temos muito que aprender.
Marcelo Augusto da Silva - 12/09/08