quarta-feira, 27 de maio de 2009

Precariedade no serviço público

Ao me encontrar utilizando um serviço público comecei a refletir novamente sobre o descaso com esse setor, a sua ineficiência e o porquê do mau atendimento o qual está submetido os que deles dependem.
A mentalidade brasileira ainda insiste em pensar que ele é feito de graça, com se fosse um ato de caridade do Estado e sendo assim é justificável a sua desestruturação; só que não sabe essa desinformada e alienada grande parcela da população é que pagamos um alto preço por eles na forma de taxas, tributos e impostos, que se fossem empregados da sua maneira correta e não fossem surrupiados para os bolsos dos “nobres” representantes do povo, teríamos um serviço público de altíssima qualidade com um atendimento universal em vários setores como na saúde, educação, transporte coletivo, segurança, etc.
Há um consenso de que o que é público, portanto “gratuito”, não é bem feito por questões naturais e imutáveis e assim o brasileiro que dele necessita vai deixando sempre como está, onde o máximo que se pode fazer é lamentar.
Desde o período colonial o Brasil fortalece essa característica de não dar a devida atenção ao setor público e de usá-lo em seu próprio proveito; tampouco se importa com o que é relativo ao seu funcionamento, ao desenvolvimento do país e com a satisfação das pessoas – fato explicado pelo modelo colonial exploratório aqui implantado e agravado pela distância entre colônia e metrópole. Levado através dos tempos, essa particularidade ainda persiste. Para prejudicar ainda mais a situação soma-se a isso a falta de atenção dispensada ao funcionalismo público que não reconhecido nem remunerado de acordo com sua função, acentuando ainda mais o abismo que existe entre o público e o privado.
A política implantada no país há alguns anos, que reforçou essa diferença, levou uma grande massa de contribuintes a abandonarem de vez os órgãos públicos, só usando-os em casos de necessidade ou por não haver outra opção. No entanto essa camada é aquela que no momento tem condições para custear os serviços privados, enquanto uma maioria continua dependente do público. Esse grupo – privilegiado de certa forma - é o que paga em dobro por um serviço recebido, como por exemplo, desembolsando uma quantia significante para a mensalidade de um plano de saúde e ao mesmo tempo custeando-o na forma de impostos que vão, ou ao menos deveriam ir, para o mesmo fim. Um gasto ainda maior para o brasileiro.
É preferível abandonar de vez então o que o Estado fornece. Uma redução significativa de impostos e o não oferecimento definitivo de nenhum serviço iniciaria uma moralização no tão desacreditado setor púbico brasileiro. A sua principal função é servir de plataforma de campanha para que políticos sem escrúpulos explorem a ingenuidade de muitos eleitores prometendo serviços de qualidade e que funcionem. Seria o fim de uma mentira que vemos acontecer a muito tempo.
Marcelo Augusto da Silva - 27/05/09