quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A glória dos perseguidos

O novo filme de Quentin Tarantino, Bastardos Inglórios, tem lotado as salas de cinema do país e levantado várias discussões a seu respeito, dividindo opiniões onde se afirma em se tratar de um thriller de violência ou então algo muito mais profundo.
Estrelado pelo galã de Hollywood Brad Pitt, dirigido pela primeira vez por Tarantino, e que surpreendeu mais uma vez ao provar que ele não realiza somente papéis de playboy assim como é a sua imagem tida por muitos, o longa segue bem a linha do diretor com seus toques de extrema violência, embora em menor proporção comparado aos seus trabalhos anteriores, referências aos filmes de western e de lutas, que fizeram a sua cabeça quando criança, e também não esquecendo de deixar bem evidente o seu fetiche por pés femininos. Analisando essa peculiaridade no seu estilo de filmagem pode-se dizer que Quentin Tarantino e Woody Allen se encontram ao colocar suas próprias vidas em seus filmes.
O diretor também foi criterioso ao escolher o elenco, principalmente no que diz respeito aos que interpretam os oficiais ou membros de outra patente do nazismo, que encarnaram toda a personalidade arrogante, prepotente e nojenta daqueles que fizeram parte desse movimento.
Ambientado na França ocupada pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial, o enredo gira em torno de um grupo de “caçadores de nazistas”, liderado por Aldo Raine, interpretado por Brad Pitt, que devolvem todo o terror e truculência àqueles que agiram contra os judeus. Não lembrando somente do massacre contra os judeus, a obra faz menção a outros grupos que sofreram duras perseguições por conta de outro povo dominador, como os índios da América do Norte, representados por Aldo Raine que tem descendência apache e exige um número de escalpo de nazistas de cada integrante de seu grupo e também aos negros que foram duramente perseguidos pela ideologia nazista durante o período em que ela vigorou.
Diferentemente de outros filmes que abordam a matança contra os judeus, Bastardos Inglórios mostra um final que muitos gostariam de ter visto acontecer para os representantes máximos do nazismo; explorando bem esse assunto o filme penetra no sentimento de ódio que se tem em relação aos que covardemente abusaram de grupos indefesos e que outros tantos teriam a vontade de externá-lo. A violência tarantinesca foi usada a favor de todos aqueles que queriam ver os nazistas sofrerem na pele aquilo que foi feito contra as minorias. A História verdadeira abre um precedente para dar espaço a um destino mais cruel, e por que não dizer mais justo, àqueles que proferiram uma ideologia racista e preconceituosa e a colocaram em pratica com toda naturalidade.
Como Arnaldo Jabor contou em um artigo recente em que ele na sua juventude buscava a ilusão no cinema, Tarantino usou desse recurso e fez uma pessoa se vingar em nome de todos daqueles que um dia foram desumanos.


Marcelo Augusto da Silva - 20/11/09