De tempos em tempos a mídia acha um motivo e volta a tratar o comunismo como sendo algo maléfico e extremamente perigoso, tal como era no período da Guerra Fria, em que essa estratégia era usada abusivamente pelos capitalistas.
A concessão de status de refugiado político ao escritor e ativista italiano Cesare Battisti dada pelo Ministro da Fazenda Tarso Genro reacendeu novamente o exorcismo ao comunismo. Battisti foi membro do grupo de esquerda PAC (Proletários Armados pelo Comunismo) na década de 1970 e torno-se um foragido político ao abandonar o grupo por ele direcionar-se para a luta armada, optando assim o escritor por buscar outras formas de atuação. A Itália tenta acusá-lo assassinato de quatro membros de seu grupo por terem assumido posições contrarrevolucionárias.
Sem entrar no mérito de julgamento do indiciado, o que causa indignação não é somente o caso do Brasil aceitar um refugiado em seu território, mas sim isso se tornar gravíssimo pelo fato dele ser um comunista e as responsabilidades caírem sobre o ministro, apontando-o como favorável ao italiano por ser um adepto também da causa comunista. Genro após estudar exaustivamente o caso concluiu que faltam provas suficientes para condená-lo, pois a única testemunha existente é um integrante do PAC que entregou Cesare Battisti para se enquadrar no plano de delação premiada e por este estar atualmente vivendo em local desconhecido e com identidade trocada.
Que o Brasil é um pais de criminosos não é novidade para ninguém; dizer que o italiano - se for provada a sua culpa - será mais um entre tantos outros é totalmente verdadeiro, mas agravar a situação com a falsa afirmativa de que o ministro é tão comunista quanto ele, sem assumir que no fundo esse é o problema maior, ou seja, o crime seria ser comunista, é que torna a questão um tanto quanto bizarra.
O Brasil sempre foi refúgio de assassinos desde o momento da chegada dos portugueses que aqui deixavam os criminosos, os condenados e degredados e sendo assim perpetuou essa ”tradição” até os nossos dias. É tão cheio de assassinos como aqueles do colarinho branco, membros da classe privilegiada que se beneficiam de seus confrades, padrinhos e corruptos que ocupam altos cargos na justiça; tão criminosos como os militares de várias patentes, assassinos públicos que mataram centenas durante a ditadura militar e que hoje convivem tranquilamente e descaradamente no nosso meio beneficiados pela Lei de Anistia, que não sem querer foi criada por eles mesmos.
Aliás, esses militares são uma espécie de assassinos que Tarso Genro tentou enquadrá-los na lei, mas que outra vez esbarrou no empecilho da ideologia, pois quando tentou quebrar a tal Lei de Anistia - que não permite que os torturadores sejam incriminados - e abrir os arquivos da ditadura para penalizá-los como criminosos, sofreu vários tipos de acusações e protestos, chegando ao ponto do presidente - que se dizia tão intolerante à tortura e à ditadura – pedir para que ele abandonasse essa idéia.
Provavelmente essa marca negativa forjada ao comunismo e carregada por ele ainda vai durar muito tempo. O jogo baixo da direita em atacar, agredir e incutir falsa culpa no seu oponente para esconder os seus defeitos não foi por ela esquecida. Talvez seja ingênuo pensar que a disputa entre as duas correntes ideológicas tenha terminado no final da década de 1980; ao menos é o que parece quando vemos as reações que acontecimentos como este causam em determinados grupos, onde alguns tremem de pavor e outros esperneiam de raiva. Talvez o incômodo maior seja a proposta comunista ainda estar viva e que uma hora ou outra ela possa achar um espaço, não somente um refugiado político comunista isolado.
Marcelo Augusto da Silva - 06/02/09
A concessão de status de refugiado político ao escritor e ativista italiano Cesare Battisti dada pelo Ministro da Fazenda Tarso Genro reacendeu novamente o exorcismo ao comunismo. Battisti foi membro do grupo de esquerda PAC (Proletários Armados pelo Comunismo) na década de 1970 e torno-se um foragido político ao abandonar o grupo por ele direcionar-se para a luta armada, optando assim o escritor por buscar outras formas de atuação. A Itália tenta acusá-lo assassinato de quatro membros de seu grupo por terem assumido posições contrarrevolucionárias.
Sem entrar no mérito de julgamento do indiciado, o que causa indignação não é somente o caso do Brasil aceitar um refugiado em seu território, mas sim isso se tornar gravíssimo pelo fato dele ser um comunista e as responsabilidades caírem sobre o ministro, apontando-o como favorável ao italiano por ser um adepto também da causa comunista. Genro após estudar exaustivamente o caso concluiu que faltam provas suficientes para condená-lo, pois a única testemunha existente é um integrante do PAC que entregou Cesare Battisti para se enquadrar no plano de delação premiada e por este estar atualmente vivendo em local desconhecido e com identidade trocada.
Que o Brasil é um pais de criminosos não é novidade para ninguém; dizer que o italiano - se for provada a sua culpa - será mais um entre tantos outros é totalmente verdadeiro, mas agravar a situação com a falsa afirmativa de que o ministro é tão comunista quanto ele, sem assumir que no fundo esse é o problema maior, ou seja, o crime seria ser comunista, é que torna a questão um tanto quanto bizarra.
O Brasil sempre foi refúgio de assassinos desde o momento da chegada dos portugueses que aqui deixavam os criminosos, os condenados e degredados e sendo assim perpetuou essa ”tradição” até os nossos dias. É tão cheio de assassinos como aqueles do colarinho branco, membros da classe privilegiada que se beneficiam de seus confrades, padrinhos e corruptos que ocupam altos cargos na justiça; tão criminosos como os militares de várias patentes, assassinos públicos que mataram centenas durante a ditadura militar e que hoje convivem tranquilamente e descaradamente no nosso meio beneficiados pela Lei de Anistia, que não sem querer foi criada por eles mesmos.
Aliás, esses militares são uma espécie de assassinos que Tarso Genro tentou enquadrá-los na lei, mas que outra vez esbarrou no empecilho da ideologia, pois quando tentou quebrar a tal Lei de Anistia - que não permite que os torturadores sejam incriminados - e abrir os arquivos da ditadura para penalizá-los como criminosos, sofreu vários tipos de acusações e protestos, chegando ao ponto do presidente - que se dizia tão intolerante à tortura e à ditadura – pedir para que ele abandonasse essa idéia.
Provavelmente essa marca negativa forjada ao comunismo e carregada por ele ainda vai durar muito tempo. O jogo baixo da direita em atacar, agredir e incutir falsa culpa no seu oponente para esconder os seus defeitos não foi por ela esquecida. Talvez seja ingênuo pensar que a disputa entre as duas correntes ideológicas tenha terminado no final da década de 1980; ao menos é o que parece quando vemos as reações que acontecimentos como este causam em determinados grupos, onde alguns tremem de pavor e outros esperneiam de raiva. Talvez o incômodo maior seja a proposta comunista ainda estar viva e que uma hora ou outra ela possa achar um espaço, não somente um refugiado político comunista isolado.
Marcelo Augusto da Silva - 06/02/09
Nenhum comentário:
Postar um comentário