sexta-feira, 25 de junho de 2010

O que a nova versão de Robin Hood tem a nos mostrar

Passamos por uma fase em que o cinema está constantemente refilmando alguma obra de sucesso ou então ressuscitando algum herói mitológico e lendário, e que apoiado na tecnologia, nos coloca em contato com o que não é nenhuma novidade num formato bem mais contemporâneo. Ridley Scott, diretor de grandes filmes como Alien o 8º passageiro, Falcão Negro em perigo, Gladiador, Cruzada, entre outros, realizou a refilmagem da saga do lendário herói inglês Robin Hood, que está em exibição nos cinemas. A crítica em geral já tinha o classificado como uma espécie de continuação de Gladiador, reforçado pelo fato do papel principal ser interpretado por Russell Crowe, o mesmo de Gladiador. Tentei assisti-lo sem a influência dessa informação, o que foi difícil em determinados pontos do filme em que as batalhas, florestas e população me pareceram bem próximas do filme ao qual ele foi comparado.

Retratado de diversas maneiras e nos mais variáveis formatos, como seriados, quadrinhos, desenhos, livros, etc., Robin Hood sempre foi visto como um herói – embora considerado com fora da lei – que banido pela autoridade real vive isolado na floresta de Sherwood com seu bando, tirando dos ricos e dando aos pobres. Muito além dessa visão romantizada em torno desse benfeitor, sua história pode nos mostrar que muito do passado ainda é presente nos dias atuais, e ainda nos revelar que muitas coisas não mudaram, apenas se travestiram em outras; fato que ficou bem claro nessa versão.

Com sua trama ambientada na Europa Medieval, que ainda vivia no contexto das Cruzadas e dos absurdos cometidos em sua decorrência, vemos que a tirania e a má administração dos governos, que protegidos em seus castelos, determinavam o rumo da população de acordo com a sua vontade e capricho próprio, tal como são os políticos atuais, os quais vivem numa redoma luxuosa inatingível, fazendo o que querem do povo; palavras eram ignoradas sob a alegação de uma jurisdição maior, no caso a divina, que em nome dela o autoritarismo e o confisco poderiam ser realizados. Ganância, traição, violência e discriminação aconteciam da mesma forma de hoje, tendo apenas o cenário como diferencial.

Uma população explorada e escravizada que não consegue canalizar suas emoções e anseios para transformar o ambiente em que vive para seu bem próprio, tende a criar figuras imaginárias, heróicas e salvadoras, como sendo uma válvula de escape ou algo a se apegar para fugir assim de sua realidade cruel e opressora. Robin Hood, como não há comprovação de sua existência, certamente faz parte desse rol de personalidades.

Um olhar atento à sua história nos contribui muito com informações sobre as condições de vida e sobre o pensamento de uma população em determinado momento. Ao lado do herói de Sherwood podemos encontrar uma infinidade desses seres, cada qual em uma parte do mundo, sempre povoando o imaginário coletivo e dando esperanças de que algum dia alguém fez ou então fará algo em benefício da maioria ou que há a possibilidade de um deles realmente surgir e salvar a todos.

Com todos os toques de uma produção hollywoodiana , cheia de ação e dinamismo que segue para o final triunfante do bem, a lenda de Robin Hood e a obra de Ridley Scott têm muito a nos acrescentar, basta olharmos além daquilo que está diante de nossos olhos.


Marcelo Augusto da Silva - 25/06/10

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Oliver Stone e a esquerda latino-americana

Oliver Stone, diretor de grandes filmes como Platoon, Nascido em 4 de julho, JFK, The Doors e o documentários W., cutucou ferozmente os estadunidenses, a direita e a mídia corrompida ao filmar o documentário “ Ao sul da Fronteira” que trata sobre os governos populares que se elegeram nas últimas décadas na América latina, contrapondo o doutrina neoliberal do norte rico, em especial Hugo Chávez, o maior representante dessa nova corrente política e que iniciou uma revolução no continente.
Embora a data marcada para sua estréia no Brasil é o dia 4 de junho, semanas antes já era possível ver nos meios de comunicação (aqueles cuja opinião é o individualismo e os interesses financeiros) uma crítica ferrenha e sem fundamento contra a produção de Stone.
Para o diretor que sempre teve uma solidária com as minorias e nunca apoiou qualquer tipo de exploração ou dominação de países, grupos ou pessoas, a eleição de Chávez na Venezuela, bem como a de Evo Morales na Bolívia e Lula no Brasil , é parte de um manifesto popular demonstrando a não aceitação ao acordo unilateral entre o FMI e os países do dito primeiro mundo para dominar economicamente os países do sul, colocando as suas populações em níveis de desenvolvimento muito abaixo do tolerável.
Em sua produção Oliver Stone entrevista os três presidentes citados acima além casal Kirchner (Argentina), Raul Castro (Cuba), Fernando Lugo (Paraguai).e mostra que a partir da eleição desses governos houve um crescimento desses respectivos países e um aumento no desenvolvimento e na qualidade de vidas das camadas mais baixas da população.
É claro que a realidade vivida na Venezuela e em outros países não é divulgada pelos meios de comunicação, principalmente aqueles que conseguem atingir um maior número de expectadores ou leitores, uma vez que eles são apoiados financeiramente sou ideologicamente pelos governos da direita. É só ver o caso no Brasil em que emissora Rede Globo e a revista Veja fazem de tudo pra deturparem a imagem de Lula, Chávez, Moreles e não mostram o que foi feito de positivo em suas gestões, só querem mostrar os erros (que houveram obviamente) e agem dessa maneira para confundir a opinião das pessoas a seu favor.
Estava previsto que Oliver Stone viria ao Brasil no dia 31 de maio, mas o diretor não conseguiu desembarcar sob a alegação de falta de documentação do mesmo, que já havia agendado vários compromissos anteriormente, inclusive uma pré-estréia do documentário. Muitos desses compromissos foram remarcados para os próximos dias em que se espera Stone voltar com a documentação regularizada.
Enquanto isso esperamos o lançamento oficial da obra, só assim assistiremos ao documentário e também à mídia esperneando e fazendo de tudo para manipular a cabeça dos expectadores e incutir neles uma opinião contrária àquela que o diretor mostra em sua produção.
Marcelo Augusto da Silva - 04/06/10