As cores de abril / Os ares de anil / O
mundo se abriu em flor
E
pássaros mil / Nas flores de abril / Voando e fazendo amor
As
cores de abril – Vinícius de Moraes
As cores de abril / Os ares de anil / O
mundo se abriu em flor
E
pássaros mil / Nas flores de abril / Voando e fazendo amor
As
cores de abril – Vinícius de Moraes
No dia 20 de março ele chegou, mas
para os despercebidos não foi notada nenhuma diferença; o calor sufocante das
tardes daqueles dias encobria a entrada da estação das frutas. As chuvas que
vieram em seguida ocultavam ainda mais a estação recém-chegada; eram “as águas
de março fechando o verão”, verão que castigava as pessoas.
A interferência do homem na natureza
provoca essas situações adversas: calor fora de época, chuva no início do
período da estiagem. A sabedoria popular das gerações passadas já não tem mais
tanta eficiência; impossível prever atualmente as condições climáticas
baseando-se na rigidez de um calendário ou em fenômenos naturais.
Mas, independentemente dessa variação
climática ser um fato comum nos nossos dias, na quinta-feira dia 28 - a
quinta-feira santa para os que professam o catolicismo - o outono se apresentou
oficialmente com todas as suas peculiaridades. Depois da neblina que cobria a
manhã, o dia surgiu com as características próprias da meia-estação; o céu
praticamente sem nenhuma nuvem escancarava o azul profundo típico dessa época
do ano; a luz e a temperatura mais amena do Sol - o qual atinge o hemisfério
sul com menos intensidade - dava às paisagens uma cor singular; o poente, que
trazia consigo a sensação de um clima que vai cair gradativamente, deu um
espetáculo à parte, colorindo o horizonte com nuances que variavam entre o
amarelo, o laranja e o vermelho; a noite, com o mesmo céu aberto, agora
estrelado, foi ilustrado com o clarão da Lua cheia que marca a celebração
desses dias santos; Lua cheia que, embora poucos saibam, determina nosso
calendário festivo e consequentemente nossos dias.
Num país de clima predominantemente
tropical como o nosso, talvez sejam poucas as pessoas que apreciem o outono, e
menos ainda o inverno que o segue, pois, de certa forma, muitos já estão
habituados a passar a maior parte do ano expostos a temperaturas elevadas. No
entanto era mais do que necessário que a fervura dos últimos meses desse uma
trégua e amenizasse a exaustão que ela nos provoca ao final de um dia; além de
que já era preciso afastar um pouco o comportamento festivo do verão e a
obrigatoriedade de ser feliz e se divertir que ele implica para ceder espaço a
um tempo mais frio o qual nos impele a ficar mais reclusos e que nos induza a contemplar
uma introspecção.
Enfim, observando as estações de um
modo mais racional, e de certa forma mais distante da beleza e das sensações
causadas por elas em cada um de nós, podemos pensar que a ordem do Universo e
da natureza, com sua sabedoria, condicionam os dias de todos os seres, nos submetendo
a períodos de euforia nas estações mais quentes e a outros de certo retraimento
nas estações mais frias, dando assim a oportunidade da vida se reorganizar, se
refazer e ir seguindo adiante.
Marcelo Augusto da Silva - 04/04/2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário