A Síria vive uma guerra civil desde 2011em
que envolve as forças governistas representadas por Bashar al-Assad e rebeldes
opositores, a qual já rendeu um total de mais de 100 mil vítimas. Nas últimas
semanas um ataque no país foi responsável por mais de 1300 mortos que, de
acordo com o governo estadunidense, foram usadas as tão temíveis e
inadmissíveis armas químicas. O governo ditatorial de Assad, no entanto,
responsabiliza a oposição.
O discurso estadunidense leva a uma interpretação
de que armas químicas não são toleradas, mas outros tipos sim, pois como a
situação indica há o risco de intervenção militar em território sírio sob a
justificativa de ajuda humanitária. Essa possível intervenção - que certamente
será formada por uma coalizão da OTAN - na Síria contra o governo de Assad
praticamente reitera a ação autoritária encabeçada pelos EUA.
Os agravantes contra essa atitude soberba dos
EUA são vários: há a oposição dos estadunidenses, onde uma pesquisa revelou que
60% da população é contra a intervenção; o fato do Conselho de Segurança da ONU
ainda não ter um laudo sobre o que realmente aconteceu no dia 21 de agosto, o
dia do ataque; o efeito reincidente estadunidense, praticado contra o Iraque em
2003 e que causou perplexidade e uma rejeição elevada ao invadir o território
contrariando a decisão da ONU, e a postura duvidosa de Obama, o qual se elegeu
erguendo uma bandeira contra a política militarista de seu antecessor Bush, e
que hoje se mostra tão arrogante e autoritário quanto.
Olhando para esse panorama crítico das
relações internacionais atuais, vemos que a região do Oriente Médio é
conflituosa há muito tempo e a intervenção, seja lá de quem for, não resolverá
em nada os conflitos, uma vez que o fundamentalismo e a instabilidade política
são verdadeiros condicionantes para que lideranças surjam e atuem de maneira
insensata e antidemocrática. Por outro lado vemos a insuficiência da ONU, uma
organização supranacional, ao menos em tese, a qual não consegue intermediar
conflitos e nem muito menos resolvê-los de um modo mais imparcial possível,
mostrando-se fraca e submissa, onde potências econômicas, que além de ocuparem
cadeiras em setores essenciais na organização, passam por cima de suas
decisões, mostrando-se muito mais fortes e eficientes, atitude que em hipótese
alguma deveria acontecer.
Até o presente momento, a situação indica que
a hegemonia e a prepotência ocidental vão novamente se articular e decidir o
que deve ser feito de acordo com sua visão unilateral. Longe de consentir com a
violência síria e se colocar a seu lado e aos governos ditatoriais que se
instalam no Oriente Médio, a História mostra que uma repressão à violência e a
conciliação e o restabelecimento da estabilidade política não pode ser feita
de forma vertical como acontece.
Marcelo Augusto da Silva - 29/08/2013