sábado, 7 de junho de 2008

Feliz Ano Novo, de novo.

O início de mais um ano deixa a impressão que o tempo passou depressa demais, que o ano que se encerrou parece ter passado mais rápido que os anteriores, ou então que foi outro dia que se realizaram as festas de final de ano e que chegou a hora de comemorá-las novamente.
Realmente essas sensações estão presentes em muitas pessoas, basta entrar no assunto que a opinião a favor dessa idéia é unânime. Houve um momento em que chegou a cogitar-se que esse fato era uma característica da vida adulta, pois quando criança a ansiedade para chegar a determinadas datas, como aniversário, férias ou o Natal fazia parecer que elas “não chegavam nunca”, transmitindo a impressão contrária à da maturidade. Porém essa tese caiu por terra, pois crianças e adolescentes hoje pensam como os adultos, ou seja, que o tempo está passando rápido demais.
Seria desnecessário dizer que a duração do tempo é a mesma, e seria risível acreditar que há uma explicação na física ou na astronomia para esse fato, assim como são levantadas hipóteses absurdas para explicar o assunto, como a de que os dias estão mais curtos devido ao tsunami que arrasou a costa asiática em dezembro de 2004, alterando dessa forma a rotação da Terra, causando uma aceleração no tempo.
Uma explicação mais plausível para o fato seria atribuí-lo à globalização. Há alguns anos as pessoas não precisavam trabalhar tantas horas ou até mesmo em dois empregos, pois não havia a necessidade de adquirir tantos produtos. Chegava-se mais cedo em casa e a preocupação como o horário se daria bem mais tarde, somente na manhã seguinte. Hoje, além de trabalhar até mais tarde, o indivíduo está sobrecarregado de tarefas como a ração do cachorro que está no fim e é urgente comprá-la, o dvd que deve ser entregue no horário senão acarretará multa, o conserto do portão eletrônico que tem que ser providenciado senão o carro novo passa a noite na rua sob o risco de ser roubado, o telefonema que já deveria ter sido recebido pelo celular, as infinitas contas a serem pagas como a natação e o inglês dos filhos – além da preocupação de pegá-los no final da aula a tempo – a conta da TV a cabo, do plano de saúde, do clube e etc. Enfim todos os compromissos que fomos obrigados a assumir tornam o dia curto pequeno demais a ponto de realizá-los no prazo, causando assim que impressão ele está mais curto.
O consumismo, e a sua decorrente ambição, mais a padronização dos costumes nos obrigou a mudar nosso comportamento, nos tirou valores preciosos, talhou nossa liberdade e o que vemos agora é mais um reflexo desse fenômeno, ou seja, o tempo que era um bem de cada ser humano está cada vez mais sendo tirado.
E assim passarão os dias daqui a diante, cada vez mais rápido, e o tempo cada vez mais curto.

Marcelo Augusto da Silva - 04/01/08

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