sábado, 7 de junho de 2008

A opulência das Igrejas

No final do ano de 2006 foi inaugurado numa das principais avenidas de São João da Boa Vista um grandioso templo da Igreja Universal do Reino de Deus, fato que causou perplexidade e admiração nas pessoas, justamente pelo tamanho da obra, reduzido tempo em que foi construída e pelo óbvio gasto que ela dispensou.
Recentemente num dos horários televisivos em que a Igreja utiliza para sua pregação, começou a ser veiculado uma reportagem a respeito do investimento da Igreja em São João da Boa Vista que, segundo o apresentador, todo o gasto com a construção foi necessário para poder realizar a sublime tarefa de levar aos fiéis a palavra de Deus, entre outros benefícios que eles dizem oferecer.
O que surpreendeu nessa reportagem foi a divulgação do gasto total da obra que ficou na casa dos oito milhões de reais. Desde então a construção do templo voltou a fazer parte das discussões.
Há muito tempo não só a Universal, mas todas as Igrejas Pentecostais e as Neopentecostais têm sido apedrejadas em todo as localidades por causa do luxo de suas construções, pela forma de conquistar novos adeptos e, principalmente, pelo apelo em que seus pastores e missionários utilizam para arrecadar a contribuição de seus fiéis. Se a cobrança e o destino de dinheiro é algo mais interno, onde somente os integrantes das Igrejas têm conhecimento, um templo é visível a todos, e assim, o espanto causado por sua magnitude é inevitável.
Uma Igreja assim como qualquer outra instituição é passível de críticas, construtivas ou não. O caso das evangélicas é um desses exemplos. Porém o foco do debate deveria se abrir e analisar outras Igrejas, como a Católica, que através de sua longa existência sempre demonstrou ter uma preocupação com finanças, bem diferente do seu fundador, que pregava o desapego aos bens materiais e uma vida de igualdade entre as pessoas.
Fala-se em tom de crítica sobre a riqueza das Igrejas e de seus membros, bem como a sua sede em receber ofertas e contribuições. Assim sendo seria correto criticar também o catolicismo; pois se um templo está orçado em torno de oito milhões de reais, em quantos estará orçado então, por exemplo, a igreja de Nossa Senhora do Pilar em Ouro Preto que possui 430 quilos em ouro, e que, além de tudo, foram extraídos por seres humanos transformados em escravos com o seu consentimento? E a Basílica de São Pedro? E a Capela Sistina que contém inclusive obras de artistas da Renascença? Se for para falar em arrecadação, porque não lembrarmos do dízimo que foi criado pela própria Igreja Católica, o qual é cobrado até hoje, porém com o subterfúgio de ser uma colaboração voluntária para um justo propósito? E a venda indulgências e de relíquias santas?
O bom senso nos diz que religião não está em nenhuma ocasião relacionada às questões financeiras. Como organização, dona de patrimônio, como no caso dos templos, é justificável alguma forma de contribuição com o fim de pagar despesas como energia, água ou então impostos ou folha de pagamento. Mas como se tem notado, as ofertas vão muito além de serem destinadas a cobrir gastos.
Nessa história não há quem tenha mais culpa que a outra. Se for para apontar erros, deve haver justiça e se apontar o de todas.
Marcelo Augusto da Silva - 23/11/07

Nenhum comentário: