segunda-feira, 9 de junho de 2008

Dia 23 de maio – um ensaio para o 9 de julho

Um dia após o Corpus Christi, uma importante data, ao menos para os paulistas, passou com quase nenhuma citação pela imprensa. O dia de tão significativo que é, dá nome a uma das principais ruas do centro de São Paulo, justamente por ter ocorrido lá o episódio que irá marcar o início da Revolução Constitucionalista de 1932.
De 1894 a 1930 o Brasil viveu um período republicano chamado café-com-leite, onde os presidentes eram eleitos em alternância entre os governadores dos estados de São Paulo e Minas Gerais, os dois considerados os responsáveis pela economia nacional, um desenvolvendo a cultura cafeeira e outro a pecuária, respectivamente. Todo esse esquema de revezamento era sustentado pelo coronelismo, que através da fraude eleitoral, garantia o acordo e a vitória nas urnas dos mesmos.
Enquanto essa prática desleal e abusiva acontecia descaradamente vários movimentos sociais rurais e urbanos explodiam pelo país, e as elites de outros estados, que sentiam-se lesadas pela escolha de apenas esses dois estados, começam a se articular.
A intolerância chega ao seu limite em 1930, ano que Getúlio Vargas e o movimento tenentista nascido no Rio Grande do Sul, resolvem invadir a capital do Brasil e pôr fim a um sistema não condizente com a moral nem com o contexto social e político da época. Vargas que fora candidato à presidente naquele mesmo ano, mas não conseguiu a vitória devido às fraudes, não aceita o resultado das urnas que elegem Júlio Prestes (um paulista que quebra o rodízio entre os dois estados) e invade o Rio de Janeiro para depor pelas armas o presidente Washington Luís ainda no exercício do poder, que diante da ameaça não oferece resistência e renuncia ao cargo. Vargas instaura um governo provisório, cujo representante é ele mesmo, acabando com o Congresso, as Assembléias Legislativas e depondo os governadores de estados, substituindo-os por interventores federais que governariam até a promulgação de uma nova Constituição. No entanto essa Constituição não vinha nunca, dando ao governo provisório um caráter permanente.
A insatisfação paulista era grande, uma por ter um interventor de outro estado no comando, irritando a elite cafeeira que perderia privilégios, outra pela demora na aprovação da Constituição.
No dia 23 de maio de 1932 quatro estudantes, Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo morreram em um confronto com as tropas getulistas ao tentar invadir o prédio da Liga Revolucionária - organização favorável ao regime - nas esquinas da Praça da República com a Barão de Itapetininga. Eles viraram mártires e suas iniciais batizaram o MMDC, entidade civil que se tornou símbolo da revolução e que alistava voluntários civis para a luta contra Vargas, e a data de suas mortes batizou a rua.
Pouco depois desse acontecimento, mais precisamente no dia 9 de julho de 1932, explode a Revolução Constitucionalista de 1932, onde paulistas enfrentam as forças federais de Getúlio Vargas.
Marcelo Augusto da Silva - 30/05/08

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